Na periferia desqualificada a norte de Lisboa, uma antiga “lixeira”, posteriormente aterro, foi transformada em parque urbano. A reconversão deste vasto território, com 24 hectares, e que visou as vertentes ambientalistas e paisagísticas, tinha como âncora um conjunto de actividades desportivas e culturais para as quais houve necessidade de construir três edifícios:
- Centro de Educação Ambiental – laboratório da natureza;
- Balneários/Sanitários de apoio às actividades desportivas e visitantes;
- Bloco Administrativo para a Equipa de Gestão do Parque;
Os projectos, encarando um novo contexto e uma nova tipologia, libertos dos rigores semiológicos, limitaram-se a porpôr velhas formas e organizar os velhos sinais para novos usos. No que respeita ao C.E.A., a proposta fundamentou-se na polivalência dos espaços e da estreita relação que estabelece com os espaços exteriores adjacentes. A estrutura espacial consiste numa zona de Atendimento e Bengaleiro, Anfiteatro Ludoteca, área Oficinal, Laboratório, Centro de recursos, instalações sanitárias e uma Cafetaria com esplanada. As opções projectuais salvaguardaram a utilização deste equipamento por deficientes físicos, dotou-se de mecanismos de aquecimento e ventilação, e os materiais preconizados estão de acordo com o carácter público desta construção.
A definição do programa dos Balneários/Sanitários foi assumida de forma clara, propondo dotar o parque de instalações de uso público e independente dos restantes serviços. Trata-se de uma construção simples, cujo acesso é feito através de um pátio descoberto, opção que resulta da proximidade com o parque de estacionamento. A área distribui-se pelos seguintes espaços: dois sanitários com duches para deficientes, sanitários femininos e masculinos, vestiários com banco corrido e bancada de lavatórios, duches com banco corrido e cinco duches, e dois pequenos arrumos para utensílios de limpeza.
Para o desenho do Edifício Administrativo foi proposta uma concepção flexível do espaço. O programa consiste num conjunto de gabinetes para os diversos serviços (administrativos e de gestão do parque) e arrumos, bem como uma área social com cafetaria, sala de refeições apoiada por uma pequena cozinha, e instalações sanitárias. Trata-se de uma construção simples, cujo acesso é feito a partir de um espaço exterior descoberto. A solução proposta assenta na criação de um volume de betão aparente, de grande protagonismo formal, e que corresponde ao bloco administrativo. A restante edificação, que se encontra diluída pelo terreno, é totalmente revestida por tijolo de produção artesanal. Na articulação entre o volume central e os panos de alvenaria, propôs-se uma superfície de vidro, que corresponde à entrada e espaço de acolhimento. Embora se trate de uma construção simples e desprovida de aparato, pretendeu-se dotar este equipamento de grande dignidade construtiva. Nesse sentido, optou-se pela aplicação de um conjunto de materiais de acabamento nobres, duradouros e de manutenção pouco exigente, explorando-se, em paralelo, os sugestivos cromatismos e texturas que eles apresentam.