Situada na zona norte da Cidade de Torres Vedras, adjacente à EN8, a área de intervenção, designada por Quinta de Santo António, tem uma área de 141560,00m2, dos quais 102900m2 estão classificados como Espaço Urbanizável, enquanto que os restantes 38660m2 integram um espaço florestal de enquadramento e protecção ao Forte de S. Vicente.
A área de intervenção, que exceptuando um conjunto de armazéns da quinta, corresponde a uma encosta livre de quaisquer ocupações, confina a norte com a Rua Vale Terminus e terrenos particulares, a nascente com a EN8, a sul com parcelas de terreno de particulares e a poente com o Forte de São Vicente.

Os parâmetros urbanísticos ditados pelo PDM, de modo geral, estabelecem um uso dominante para habitação, com comércio, serviços e equipamentos como usos compatíveis, e cércea máxima de seis pisos, sem esquecer, naturalmente, a reserva de áreas consideráveis para espaços verdes e equipamentos de utilização colectiva, bem como estacionamentos.
Paralelamente existem outros universos de condicionamentos associados à protecção da Linha de Água e à Zona Especial de Protecção à Capela e ao Forte de São Vicente. A ligação desta urbanização à EN8 foi, igualmente, um ponto de importante resolução. É, assim, fundamental que a proposta de transformação urbana, para além de respeitar integralmente os parâmetros estabelecidos no PDM, incorpore e valorize o património natural e construído, por forma a que a solução arquitectónica final constitua uma mais valia para a cidade e para os seus utilizadores.

O zonamento programático dos arranjos exteriores procura servir de base a um estudo sustentado para a implantação de um parque, que dê resposta às necessidades urbanas, compatibilizadas com os valores ecológicos, históricos e culturais e que a sua efectivação possa expressar o carácter do lugar. A proposta tem como base uma estrutura reticulada, cujos volumes acompanham o suave empeno do terreno. Propõe-se a criação de um novo eixo rodoviário, que atravessa toda a nova urbanização, e os restantes arruamentos, embora com uma função de acesso local, resultam de uma optimização topográfica e de uma estratégia de articulação com as áreas envolventes, garantindo, dessa forma, continuidades urbanas e evitando o aparecimento dos indesejáveis “impasses”.

Do ponto de vista formal, a proposta resulta da sobreposição dos aspectos funcionais - sistema rodoviário, linha de água, articulação com a EN8 e espaços urbanos envolventes, com a interpretação do relevo, estrutura verde e forte de S. Vicente, associado a uma lógica racionalista, que institui o “quarteirão” como unidade morfo-tipológica.
A urbanização apresenta três áreas distintas, correspondendo a unidades tipológicas diferenciadas:
 - A norte (lotes 1 a 8), resultou um espaço estruturado em três quarteirões. A volumetria proposta está disposta de forma irregular (mas não arbitrária) permitindo acompanhar o terreno e definir o plano marginal, sem constituir “ofensa” visual sobre as edificações existentes, ocupados quase integralmente por edifícios de habitação colectiva e pequenas unidades comerciais.
 - A poente (lotes 9 a 19), a implantação adapta-se à lógica do relevo, tendo-se estruturado em função do morro do Forte de S. Vicente, presidindo o desejo de interpenetração da área urbana com a área florestada, possibilitando leituras de continuidade e um maior protagonismo do morro e, por consequência, do património edificado. Na sua maioria, estabelecem-se aqui apenas edifícios de habitação colectiva e unifamiliar.
 - A área a sudoeste (lotes 20 a 26) é ocupada pelos edifícios que marginam a linha de água e que, numa cota inferior, agregam um edifício habitacional. Este conjunto pretende valorizar e tirar partido, enquanto espaço cénico e de fruição, de uma linha de água estruturante e monumentalizada. Para o seu extremo, e por  forma a marcar a entrada no conjunto urbano, propõe-se um edifício comercial, com a dimensão de um quarteirão, englobando um conjunto de várias lojas.